Ceratocone: quanto mais jovem, mais agressiva é a doença
Junho é o mês de conscientização do ceratocone, uma enfermidade que provoca baixa progressiva da visão
Imagem retirada do banco de imagens
Existem algumas doenças oculares que não são tão conhecidas pela população em geral, mas que podem provocar danos graves à visão. É o caso do ceratocone, uma enfermidade que atinge a córnea e provoca um afinamento progressivo, que leva a alteração no seu formato. Esse afinamento compromete a qualidade da visão. Por isso, nesse mês ocorre o Junho Violeta, uma campanha que visa alertar a população sobre a importância do diagnóstico e tratamento precoce do ceratocone. “A conscientização é importante, pois pode evitar que muitos pacientes evoluam para um quadro grave, que causa grande dano à vida cotidiana”, explica o médico do departamento de oftalmologia — setor de córnea — do Hospital CEMA, Wilson Obeid. Uma observação muito importante sobre a enfermidade é que quanto mais novo o paciente, principalmente até os 20 anos, mais agressiva é a doença. A progressão maior acontece na adolescência.
Uma das possíveis causas do ceratocone é o histórico familiar, mas pode estar correlacionada a outras enfermidades, principalmente aquelas que levam a pessoa a coçar o olho. “A conjuntivite alérgica, por exemplo, leva o paciente a coçar os olhos e esse trauma pode piorar o ceratocone. Por isso, atualmente, nós, médicos, proibimos esse ato de esfregar os olhos por ser nocivo para a saúde da visão”, detalha o especialista. O principal sintoma relacionado à doença é a baixa progressiva da visão. “A pessoa que tem ceratocone já nasce com essa alteração. A maioria não apresenta evolução ou sintomas, mas quando eles ocorrem, geralmente, são baixa acuidade visual, que piora com os anos”, explica Obeid.
O tratamento do ceratocone vai depender do estágio da doença. “Em fases iniciais, podemos corrigir a visão com óculos ou lentes de contato. Em casos mais avançados, procedimentos cirúrgicos podem ser necessários, como a colocação do Implante de Anéis Intracorneanos, que é uma das formas de remodelar o formato da córnea. Existe ainda o Crosslinking, que é um tratamento para interromper ou evitar a piora do ceratocone e consiste na aplicação de luz ultravioleta com vitamina B2 para fortalecer o colágeno corneano, enrijecendo a córnea”, afirma o médico. Casos muitos graves podem exigir transplante de córnea que, atualmente, é realizado com laser de femtosegundo. O ideal é que as pessoas façam consultas anuais com oftalmologistas. Dependendo do caso, pode ser necessário um intervalo menor de tempo: semestralmente ou de 3 em 3 meses.
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Dr. Wilson Nahmatallah Obeid, médico do departamento de oftalmologia do Hospital CEMA
CRM: 74532