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Retinopatia diabética pode causar cegueira irreversível, mas tem tratamentos inovadores para casos avançados

 

 
Quem sofre com diabetes precisa cuidar dos olhos. No entanto, apesar da relação bem consolidada entre problemas de visão e diabetes, são poucos os que, de fato, se preocupam com a saúde ocular. Porém, deveriam. Diabéticos têm 25 vezes mais chances de ficarem cegos, de acordo com estimativa do Conselho Brasileiro de Oftalmologia. Uma das enfermidades mais graves, nesse sentido, é a retinopatia diabética, que pode afetar até 40% dos diabéticos. Embora grave, a medicina segue avançando no tratamento desse problema, com novidades como a injeção intravítrea de antiangiogênicos. “Quando há edema na retina, principalmente na região macular, e outras condições que causem sofrimento do tecido retiniano, essa é uma das opções mais novas e eficazes”, explica o oftalmologista do Hospital CEMA, Antônio Sérgio Franca Neves (CRM 115438 / RQE 74434). 
 
A retinopatia ocorre em pacientes portadores de diabetes, principalmente aqueles que apresentam a doença há muito tempo ou sofrem com um quadro crônico de descompensação de glicemia. Na retinopatia, o desequilíbrio glicêmico leva a alterações na rede vascular da retina (tecido neurológico que cobre a parte interna do olho), tornando-a incapaz de exercer sua principal função: transformar estímulos luminosos em impulsos elétricos, para que o cérebro interprete essas imagens. Uma das consequências mais graves é a cegueira irreversível. “Normalmente, é uma doença silenciosa. Os sintomas ocorrem quando afetam a região central, causando baixa acuidade visual progressiva. Em estágios avançados, há presença de manchas ou escurecimento súbito da visão, secundários à hemorragia e o descolamento tracional da retina”, explica o médico do CEMA. 
 
A injeção intravítrea de antiangiogênicos funciona da seguinte forma: uma medicação de antiangiogênicos é aplicada diretamente no vítreo, que fica localizado na parte interna e posterior do olho, em contato direto com a retina. Os antiangiogênicos inibem a formação de novos vasos, ajudam ainda na regressão do quadro, além de melhorar o desequilíbrio gerado pela diabetes na circulação retiniana. O procedimento dura poucos minutos, não dói e raramente traz complicações. Além desse tratamento, é possível administrar injeções de anti-inflamatórios, fotocoagulação a laser (para casos avançados) e a vitrectomia, uma cirurgia indicada para casos nos quais o paciente apresenta hemorragia vítrea (sangue na estrutura gelatinosa que fica em contato com a retina), descolamento de retina e alguns outros casos específicos. “Consiste no uso de instrumentos e aparelhos específicos para remoção do sangue do gel vítreo e das trações geradas pelo tecido cicatrizado. A ideia é restaurar ao máximo a anatomia dessas estruturas”, detalha o especialista. 
 
Todos esses procedimentos são indicados de acordo com o caso e a evolução da doença. A melhor forma de prevenir a retinopatia diabética é fazer o controle dos índices glicêmicos, com acompanhamento multidisciplinar, e exames oftalmológicos de rotina, principalmente os que avaliam o fundo do olho. Nos últimos dez anos, o Brasil apresentou crescimento de 61,8% dos casos de diabetes, atingindo 8,9% da população, de acordo com dados do Ministério da Saúde. Estimativas da Organização Mundial de Saúde apontam que cerca de 422 milhões de pessoas no mundo vivam com a doença, sendo que metade delas nem sabe que tem o problema. A Federação Internacional de Diabetes estima que, em 2040, a cada 10 adultos, 1 será diabético. 
 
Data de Publicação : 16/01/2024